A Mangueira Continua Sendo...

   

Texto: Mateus Alcântara (@mateus_alc)

       A Mangueira é a segunda escola de samba do Rio de Janeiro que mais coleciona títulos, são 18 contra 21 da Portela. O último deles foi em 2002 com o enredo: “Brazil com ‘Z’ é pra Cabra da Peste, Brasil com ‘S’ é Nação do Nordeste”. Durante a era Max Lopes (1983-1984) e (2001-2008), conhecemos o luxo mangueirense em grandes desfiles como o de 2006: “Das Águas do Velho Chico, Nasce um Rio de Esperança”, no qual a escola desfilou com esculturas gigantescas e um grandioso desfile, perdendo o título por apenas 0,5 em relação a Vila Isabel e Grande Rio terminando na 4ª colocação. Hoje em dia não vemos mais nenhum luxo, nenhuma escultura enorme. Mas ainda assim vemos muita garra, muito amor, excelentes desfiles com excelentes sambas e excelentes enredos.

      Desde que a escola passou por uma de suas piores crises em 2008, de 2009 pra cá a Mangueira sofre os comentários do tipo: “Essa não chega nem perto do título”, “é uma das cotadas ao rebaixamento”, “o desfile vai ser horrível” etc. e todo ano a Estação Primeira faz essas pessoas se calarem. A escola é um exemplo puro de que não é necessário patrocínio pra fazer um belo desfile. Nunca se esquece de seus grandes baluartes como Cartola em 2008 que mesmo falando do frevo a escola arriscou e reservou o último carro alegórico para homenageá-lo, Nelson Cavaquinho em 2011 e tantos outros. Quando a nação mangueirense decide homenageá-los ninguém segura, a comunidade canta mais do que já estamos acostumamos e nos emocionamos a cada alegoria, a cada ala, a cada trecho do samba. As vésperas do carnaval 2011 criticaram o samba-enredo, as alegorias que ainda nem estavam prontas e criticaram inclusive a cor do cabelo do presidente da Verde e Rosa Ivo Meirelles, além de presumirem que a escola terminaria na 9ª colocação. Ficou em 3º lugar 0,2 a frente da Vila Isabel, mesmo com toda a dificuldade estética que já vemos faz cinco anos. No fim a escola superou suas dificuldades e nos presenteou com um dos melhores desfiles do ano de 2011, começando já na concentração com o discurso lido por Milton Gonçalves. Em 2009 mesmo com alegorias adereços, fantasias comprometidas negativamente e um monte de gente cotando a escola ao rebaixamento o resultado foi um justo 6º lugar.  Em 2010 fez um excelente desfile com o enredo: ”Mangueira é Música do Brasil”. A escola encerrou a segunda noite de desfiles com chave de ouro que renderam até aplausos das arquibancadas o resultado foi o 6º lugar, poderia ter sido melhor se não fossem alguns erros bobos e novamente alegorias, adereços e fantasias desfavoráveis.

      E chegamos a 2012 ouvindo as mesmas críticas, será mais um ano sem patrocínio, será mais um ano que a Mangueira brigará pelo título e será mais um ano que nós, amantes da Mangueira, vamos derramar lágrimas ao ver o carro abre-alas entrando na Sapucaí, sendo empurrados por 4000 pessoas loucas de amor e doidas pra mostrar esse amor pro mundo inteiro em 82 minutos, como diz a letra do samba: “Por todo o universo minha voz ecoou”. Não há dinheiro e nem patrocínio que pague todo esse amor. AMOR é a palavra que descreve a Mangueira. Apesar de todas as dificuldades que escola passou e está passando a Mangueira continua sendo... A maior escola de samba do planeta.

      “Respeite quem pôde chegar onde a gente chegou” esse verso do samba causa arrepios até em quem não é mangueirense. Aos que criticaram e ainda criticam a escola após a crise de 2008 aqui vai o meu recado: “sou imortal e vou dizer, agonizar não é morrer”.

      Está chegando a hora de nos emocionarmos mais uma vez ao ver a nossa Estação Primeira de Mangueira na avenida. A Mangueira vai, mais uma vez, calar a boca de quem a chama de “carta fora do baralho”.

      CHEGOU A GARRA, CHEGOU A EMOÇÃO, CHEGOU A MANGUEIRA

      É SURDO UM MANÉ!!!