O pós carnaval de 2016 ainda
repercuti, mas não estamos falando no assunto de corrupção envolvendo alguns
jurados, porém eles sempre serão o motivo de muitas conversas e agora vem a
questão das justificativas divulgada nessa semana pela Liga Independente das
Escolas de Samba (LIESA) e pela Liga das Escolas de Samba do Rio de Janeiro
(LIERJ) e desde os primórdios dos desfiles das escolas de samba, pouco se mudou
na questão do critério das notas e no resultado do carnaval. Já ouvi
comentários que os jurados andavam no meio do desfile para analisar os desfiles
e hoje estão em módulos, mas será que mudou também os critérios de julgar
algumas escolas como antigamente?
Algumas notas após apuração,
já poderíamos perceber que nada mudou em relação de alguns anos. O que faz um
jurado dar 9,9 para uma escola com um samba aclamado e 10 para um samba
criticado? Foi o que aconteceu com a Imperatriz e com a Grande Rio. E na
questão de aclamação de prêmios? Rute e Julinho é considerado o melhor casal da
atualidade, recebendo vários prêmios, mas alguns jurados não viram isso, dando
9,8 para a Vila Isabel. Outros vícios também em relação a “bandeiras” e erros
parecidos, onde uma escola recebe 9,8 e outra ganha 10. Salgueiro e Mangueira
desfilaram com Abre-Alas apagado, A vermelha e branca perdeu décimos, enquanto
a verde e rosa garantiu o dez, conquistando o décimo nono titulo do carnaval
carioca. Outra questão vem das escolas vindas do acesso, que desde a São
Clemente em 2011, uma escola não consegue permanecer, mesmo com bons desfiles
como A Império da Tijuca em 2014 e agora com a Estácio e mesmo assim, recebem
notas bem inferiores que outras escolas que sempre brigam pela parte de cima da
tabela, com os mesmos erros em muitas das vezes.
Essas comparações não são os
grandes problemas, ai começa o grande momento do pós carnaval que é a leitura
dessas justificativas, para enfim entendermos o motivo de tais notas para uns,
mas infelizmente, não há justificativas para as notas 10, onde acho que deviria
ter, mas vamos começar com um Salgueiro com "muito vermelho e
branco", uma Estácio que não agradou com seu "dragão com expressão de
bondade" e uma recomendação para Vila Isabel com "apoio deve ater-se
a função e não pular e dançar". E ainda teve a "bateria do mestre
Ciça deu um show de criatividade" e a Beija Flor com várias premiações e
ambas foram penalizadas pelo julgador, Assim como a Curicica pela imprensa na
pista.
Ai vem as justificativas
sobre os sambas, que para muitos, foram os melhores desse carnaval. Viradouro e
Imperatriz não agradaram. "Confusão sonora" esta foi a justificativa
do jurado de samba enredo para penalizar a Viradouro. Já a obra de Zé Katimba e
cia foi considerada "morna" pelo julgador, enquanto o samba da Grande
Rio, tão criticado, recebeu 10 do mesmo jurado, vai entender?
Essas notas e suas
justificativas são uma incerteza sobre até onde podemos analisar o que seria
correto ou não. Debates pós carnaval nos fazem entender o que podemos fazer
para um julgamento mais correto para cada desfile, assim como seu critério, que
é quase o mesmo desde os inícios dos desfiles na década de 30, com pequenas
mudanças nas notas, por exemplo. Também é preciso pensar sobre a questão do que
são julgados pelo caderno dos próprios jurados, entenderem o que eles realmente
querem e claro uma justificativa mais clara sem viagens como “vermelho e
branco” em uma escola vermelha e branca, como já ocorreram em outros anos com
outras agremiações. Agora vem a questão do “peso da bandeira”, por exemplo uma
bateria “atravessou” e o jurado dar 9,7 para uma escola vinda do acesso e 9,9
para uma escola que briga pelo título.
Precisamos mudar alguns
critérios, dando mais credibilidade do julgamento, pois não estamos no século
passado, ainda mais na era digital, onde tudo se ver e se comenta e algo
diferente contra a opinião da maioria, começa gerar polemica. As Ligas precisam
entender dessas mudanças, fazer um desfile mais competitivo, sem beneficiar
qualquer agremiação. É preciso julgar todas como iguais, dar a mesma nota para
aquela agremiação que teve o mesmo erro, como não aconteceu esse ano, assim,
não estaremos falando todos os anos sobre isso. Agora sobre os jurados, é
preciso comprometimento, uma análise mais justa, como aconteceu com Mestre e
Porta Bandeira da Portela, algumas sobre a comissão de frente e os enredos da
Mocidade e Grande Rio, mas sem viagens. Nas agremiações é preciso entender até
que ponto pode inovar em seus desfiles. Pensar se coloca bossa ou não, encher o
carro de som de interpretes, gritos de incentivo do puxador, alegorias com água
ou não ou colocar em maioria do desfile, as suas cores de origem.
Independente de tudo, é
preciso conversar até o próximo ano sobre esse formato de análises que todo ano
gera polêmica no pós carnaval, e está ficando claro que é uma formula batida e
não adianta colocar pontos quebrados, colocar ou retirar quesito, ou até mesmo
mudar o julgador, que os erros irão continuar e a credibilidade vai diminuir,
só ver, por exemplo, queda de transmissões dos desfiles. É preciso mudar e
criar algo mais justo e igualitário pelo bem de todas as escolas de samba que
trabalha o ano inteiro para apresentar o melhor desfile para todo publico,
sendo amantes de carnaval ou não.
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Imagem: Salgueiro/Divulgação
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O mundo mágico dos jurados e suas justificativas
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A melhor análise que li até agora. Independente se há "beliscadinhas" e "rodízio de notas dez"... Muito tem que ser mudado.
ResponderExcluirA melhor análise que li até agora. Independente se há "beliscadinhas" e "rodízio de notas dez"... Muito tem que ser mudado.
ResponderExcluirÓtima análise. Justificativas que mais parecem desculpas esfarrapadas infelizmente é algo inerente ao carnaval. Estou, aos poucos, fazendo um apanhado das notas desde os anos 1980 e a pior época foi entre 2002 e 2009 quando um único jurado podia tirar 20, 30 décimos da agremiação que ele quisesse prejudicar. Como em 2005 tiraram a Porto da Pedra do desfile das Campeãs, em 2006 um tirou 5 décimos da Mangueira por estar "verde-rosa", etc. Agora tiram do Salgueiro, que em 2007 foi penalizado por ter vindo "bege", no ano seguinte o fantástico casal Lage tascou cores cítricas nos primeiros setores. E o mais absurdo de tudo é não obrigar justificar o 10,isso na teoria. Na prática, justificariam as nota máximas a la Glória Pires comentando o Oscar. Samba da Grande Rio dez pq é "bacana", Evolução da Grande Rio (em 2006) foi "incrível". Diga-se de passagem teve uma jurada há 10 anos que disse não ter visto correria na escola de Caxias. Julgamento de Alegorias e Adereços que mais parecem check list de sinistro de seguro de carro, onde luz apagada vale mais do que a concepção artística.
ResponderExcluirNuma época onde juízes mostram-se superiores a Deus, ao menos preparem os moradores do além Olimpo pra não estragarem os festejos dos pobres mortais cujos sacrifícios lhes sustentam.
Ótima análise. Justificativas que mais parecem desculpas esfarrapadas infelizmente é algo inerente ao carnaval. Estou, aos poucos, fazendo um apanhado das notas desde os anos 1980 e a pior época foi entre 2002 e 2009 quando um único jurado podia tirar 20, 30 décimos da agremiação que ele quisesse prejudicar. Como em 2005 tiraram a Porto da Pedra do desfile das Campeãs, em 2006 um tirou 5 décimos da Mangueira por estar "verde-rosa", etc. Agora tiram do Salgueiro, que em 2007 foi penalizado por ter vindo "bege", no ano seguinte o fantástico casal Lage tascou cores cítricas nos primeiros setores. E o mais absurdo de tudo é não obrigar justificar o 10,isso na teoria. Na prática, justificariam as nota máximas a la Glória Pires comentando o Oscar. Samba da Grande Rio dez pq é "bacana", Evolução da Grande Rio (em 2006) foi "incrível". Diga-se de passagem teve uma jurada há 10 anos que disse não ter visto correria na escola de Caxias. Julgamento de Alegorias e Adereços que mais parecem check list de sinistro de seguro de carro, onde luz apagada vale mais do que a concepção artística.
ResponderExcluirNuma época onde juízes mostram-se superiores a Deus, ao menos preparem os moradores do além Olimpo pra não estragarem os festejos dos pobres mortais cujos sacrifícios lhes sustentam.