Algo já comum na história do carnaval carioca ocorreu novamente e a plenária da LIESA virou mais uma vez a mesa, cancelando o rebaixamento do carnaval de 2018
Na noite desta quarta-feira (28/2), a Liga das Escolas de
Samba (LIESA), junto com os presidentes das agremiações cancelou o rebaixamento
do carnaval 2018, deixando Grande Rio e Império Serrano no Grupo Especial.
Acrescentando a Viradouro, campeã do Grupo de Acesso A, os desfiles de 2019
será com 14 participantes.
Os desfiles com 14 escolas é o sonho de muitos sambistas e
amantes do carnaval, inclusive eu, mas não seria dessa forma. Em dois
carnavais, a Liga que sempre disse que seria a favor do regulamento, acatou a
decisão dos dirigentes, mudando o resultado e seguindo o que eles acham que
seria certo, mesmo contra a vontade de muitos que gastou dinheiro com ingresso
ou passou a madrugada em frente à TV, vendo depois as próprias regras como
competição não sendo respeitado e decidido em uma sala por um grupo de pessoas.
O mesmo grupo que votaram na permanência da Grande Rio e
Império são os mesmos que viraram a mesa em muitas ocasiões na história do
carnaval carioca. Em algumas delas, a "rebaixada" foi campeã no ano
seguinte, algo que quase aconteceu esse ano, já que a Paraíso do Tuiuti ficou
com o vice-campeonato por um décimo, mas o que eles deviam saber que “essa
camaradagem” feita anos 80 e 90 não funcionam nos tempos de hoje.
Os desfiles das Escolas de Samba de hoje não dependem apenas
da comunidade como nos tempos de outrora. Para você colocar o desfile na
avenida precisa de dinheiro e apoio do poder público e privado e sem isso, não
ocorrerá. Precisam de apoio popular, mídia e transmissão. Esse ano a procura
pelos ingressos e as arquibancadas não ficaram lotadas, as escolas de samba não
ocupam espaços na mídia e tem que disputar na grade de programação com o com Reality
show. A falta de transparência, a dificuldade de seguir um simples regulamento
e a decisão do júri escolhido e treinado pela organização do desfile em favor
da camaradagem e interesses extra-samba entre co-irmãs poderá colocar tudo por
água abaixo.
Após as polêmicas do não rebaixamento no carnaval do ano
passado, o título da Mocidade por causa de um erro envolvendo jurado já mostrou
a queda nos desfiles. A procura pelos ingressos foi baixa, o dinheiro do
governo foi reduzido e muitos deixaram de levar a sério a competição. Se antes
a ameaça eram os blocos, hoje temos o carnaval paulista mais forte a cada ano
com mais organização, equilíbrio entre as agremiações e total respeito ao
regulamento. Enquanto as Escolas e a Liga paulista se modernizam, atraindo mais
públicos e profissionais ao seu carnaval, o carnaval carioca perde forças para
cada decisão "camarada" entre a liga e as co-irmãs.
A decisão desta quarta-feira revoltou sambistas e
simpatizantes do carnaval e quase toda mídia carnavalesca. Talvez não saibamos se
essa decisão haverá consequências. Se alguma empresa vai querer associar a sua
marca com uma organização que não é transparente. Se o dinheiro, que foi
reduzido neste carnaval, vai continuar ou até diminuir. Caso isso ocorra, vai
ter apoio da população? Creio que não, já que esse grupo não deve se importa
pra isso. Como a marca do carnaval carioca será mundo afora? Podemos acreditar
que o resultado da quarta-feira de cinzas não seja modificado ou haverá jurisprudência
para novos questionamentos?
Cabe agora a Liga, junto com todas as agremiações aceitarem
que o tempo é outro para recuperar a pouca credibilidade que o carnaval carioca
ainda tem, ou teremos muitos sambistas, foliões e profissionais se dedicando ao
carnaval que São Paulo, que a cada vem crescendo. Podemos o citar a São
Clemente que o samba, sambou e ficará apenas na memória casso isso continue. O
que resta aos dirigentes é mudar para crescer ou retroceder para acabar.
Imagem: Carnaval Carioca
Editorial - Não há mais espaços para viradas de mesa
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